sábado, 4 de abril de 2009

Só acaba quando termina...


Depois de longos e dolorosos 3 anos, a produção de "Flashback" finalmente vai chegando ao fim.

Como deu para perceber pelos post esparsos, fiquei ocupado o suficiente fazendo o filme para negligenciar totalmente o blog do making of. Não entendo de onde o Fernando Meirelles tirava tempo para escrever aqueles posts enormes no blog do Ensaio Sobre a Cegueira.

Enquanto cometo essas mal-traçadas, meu fiel escudeiro Pedro Durães está editando o som do filme, que já está animado, iluminado, e 99% editado.

Obviamente eu não consigo descansar. Passei um bom tempo fazendo a capa do DVD do filme, e agora preparo o material de divulgação. São fotos para tirar, releases para escrever (em várias línguas)... Ainda falta fazer o DVD, as legendas do filme e vários outros detalhes, mas que só posso adiantar quando o som estiver realmente pronto. Os letreiros iniciais também estão dando um pouco de trabalho - já refiz três versões e ainda não estou satisfeito. Vou começar a quarta versão daqui a pouco.

E mesmo assim fica uma sensação de vazio. Eu fico acordado todo dia até as 6 da manhã por causa do meu filho pequeno - eu e a minha mulher nos revezamos nos horários de dormir, igual vigília de exército. Quando eu estava animando ou fazendo a video-composição do filme, trabalhar até as 6 da matina era tranqüilo. Agora que terminei essa parte, fico procurando filmes para ver e livros para ler e preencher o horário da madrugada.

Pode ser carência de afeto, essa necessidade que tanta gente tem de trabalhar igual louca 24 horas por dia. Mas no meu caso acho que é diferente. Não sei. Prefiro não teorizar nem racionalizar muito esse comportamento. Se ele é tão esquisito assim, os incomodados que o analisem.

Enquanto espero o som ficar pronto, trabalho na produção de 3 outros filmes. Se algum deles vai ser produzido, se vai ter 1 ou 100 minutos, se vai ser feito no Blender ou com bonecos de latex... isso ainda não sei. São essas coisas que me mantém ocupado enquanto o resto do mundo vota no paredão do Big Brother.

Acredito que todo mundo precisa ocupar seu tempo livre com alguma coisa criativa e construtiva. Comer, beber e transar é muito legal, mas nos outros 99% do tempo que temos nas mãos precisamos fazer outras coisas.

O Bob Ferreira não fez isso.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

George Orwell - Why I Write

"...escrever um livro é uma baralha horrível, exaustiva, como a longa convalescência de uma doença dolorosa. Uma pessoa jamais se submeteria a uma coisa dessas se não fosse impulsionada por algum demônio que não se pode resistir ou compreender..."

domingo, 22 de março de 2009

Ainda trabalhando... reta final!

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

testando 1 2 3

quarta-feira, 27 de agosto de 2008


É tanta coisa pra fazer que eu esqueço de postar aqui.

Um resumo dos últimos 30 dias de produção: confrontado com um cronograma desastroso, precisei tomar uma medida desesperada e mudar a técnica de animação em que o filme está sendo feito. Sai o desenho animado tradicional, entra o Anime Studio, antigo MoHo, com sua animação 2d vetorial feita direto no computador. Não é nem de longe a minha técnica de animação favorita, mas com certeza é a que produz os resultados mais rápidos. Ela já me salvou antes, e espero que salve novamente dessa vez.

Por enquanto estou terminando os cenários do filme para poder usar como referência. Pelo meu novo cronograma, os cenários têm que estar prontos na sexta-feira dia 05 de Setembro. Com isso me sobram pouco menos de 4 meses para fazer todo o resto do filme: animação, músicas, ruídos, vozes, composição, e edição final. Só isso :)

Para entrar no clima dos cenários da seqüência da discoteca, estou ouvindo músicas horríveis dos anos 1970. Espero que esse clima de horror transpareça no filme!

terça-feira, 29 de julho de 2008

Le Chic Disco Club 2

Le Chic Disco Club


Le Chic Disco Club! A melhor boite de BH! Scotch Bar, pista de dança, iluminação profissional, ambiente diferenciado. Rua Guajajaras 1145, ao lado do Motel Lamour.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Bar & Restaurante Dois Irmãos


Com certeza foi o cenário mais divertido de fazer até hoje.

domingo, 6 de julho de 2008

Férias do Barulho

Eu queria poder dizer que a gente estava de férias. Eu queria que a gente pudesse virar uns para os outros e dizer "pessoal, estamos cansados e estressados - que tal umas semanas em Bora Bora para relaxar?". Infelizmente a nossa realidade ainda não é essa, mas vamos fingir que foi algo parecido.

Fazer animação nunca é fácil nem relaxante para ninguém. É um trabalho difícil, que demanda muito da sua atenção e do seu tempo. No nosso caso, somos todos independentes - ninguém aqui é contratado ou assalariado. Não somos uma empresa com setor de contabilidade, e nem faturamos altos royalties com nossos filmes e produtos. Por mais que a gente tenha essa grana da lei de incentivo, não dá para viver só por conta dela. Todo mundo tem outras ocupações: emprego, projetos pessoais, família, estudos, doutorado, etc. Estamos mais para EZLN do que para Blackwater.

Por isso é sempre meio complicado dar uma pausa grande e voltar depois. O pessoal nem lembra mais um da cara do outro. Quem antes podia participar, agora já não pode mais. Onde foi mesmo que a gente parou nessa cena? O que é que faltava fazer aqui? Aonde foi parar o pó de café? E lá se foi pelo ralo mais um cronograma muito bem intencionado.

Mas apesar de tudo isso a gente continua trabalhando. Quando um roteiro está bem estruturado, quando uma equipe está bem montada, todo mundo fica cada vez mais empolgado à medida em que o trabalho avança. É como um filme cheio de suspense que você quer ver até o fim. A diferença é que, da mesma forma como acontece quando a gente um bom filme, o tempo também passa muito rápido quando a gente trabalha em um bom filme. Uma semana aqui, uma semana ali, de repente já tem mais de dois anos que você teve aquele idéia, tem mais de dois anos que você escreveu aquele roteiro. Passa voando mesmo.

Agora quem tem que voar somos nós. Lápis a postos, scanner esquentado, monitores calibrados, guitarras afinadas, é hora da ação. Esse filme precisa ficar pronto até dia 20 de Dezembro, e vai ser o melhor presente de natal que eu poderia ganhar. Bola pra frente que começou o segundo tempo.

terça-feira, 11 de março de 2008

Testes de cor

terça-feira, 4 de março de 2008

Mini-Making-Of! Parte 1

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Esse é um comentário sarcástico do excepcional roteirista e produtor Paul Dini (que vocês devem conhecer do seriado animado do Batman, dos anos 1990), sobre o estado ridículo dos longas de animação de nossa época:

“Your primary objective as a modern animation feature storyteller is to get the audience members emotionally charged (i.e., distracted from logic gaps and not thinking too much) so they will be ready for your big finale. This usually consists of the hero defeating the villain (almost always by some initial violent action of the villain that the hero has “cleverly” used to boomerang back on the bad guy; real heroes never being allowed to slay dragons on their own these days) and the villain falling to their death from a great height, the only acceptable way for a baddie to meet their end in a cartoon (Gaston, Frollo, the bear in “The Fox & The Hound,” Scar, the poacher in “Rescuers II”, anyone notice a trend here?). If the villain can trip over the edge while trying to get in one last cowardly stab at the hero, so much the better. The demise of the bad guy puts everyone in a good mood, so the sidekicks fire up the juke box, or strike up the band, or simply break into song, and while the hero and heroine share a modest kiss, everyone rocks out over the end credits.” - Paul Dini

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Não sei como diabos eu fui me esquecer de postar isso.

É o nosso primeiro teste finalizado. É quase igual ao ali de baixo, mas com pequenos ajustes de iluminação criados no After Effects o clima da cena ficou completamente diferente.
A primeira coisa que fiz foi colocar uma foto atrás da janela. O vidro gerado no 3d tem um pouco de reflexo e transparência, por isso eu tenho que colocar uma imagem no fundo para completar o cenário. Usei uma foto real de uma cidade, tratada para parecer pintura, e levemente desfocada. Esse desfocado não serve apenas para criar a ilusão de profundidade de campo provocada pelas limitações ópticas de uma câmera de cinema, mas também para criar uma "perspectiva de foco", diminuindo a atenção do espectador no fundo para que ele se concentre no personagem e na ação.
Outra coisa que fiz foi iluminar o projeto (ou a composição, ou a cena) com uma luz do próprio After Effects. A cor dessa luz é um azul claro que não foi escolhido ao acaso: foi tirado diretamente da foto da cidade usada na janela, para manter uma "coerência de cor" na cena.
(continua)

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Um dos maiores empecilhos à realização do nosso filme, por enquanto, é o fato de eu estar envolvido como professor-substituto-assistente em 5 disciplinas da graduação da Escola de Belas Artes, ao mesmo tempo em que sou aluno do doutorado na mesma escola. Hoje consegui terminar um trabalho para essa disciplina, e fechei o texto com um texto escrito por um poeta francês em 1927 mas que até hoje é extremamente pertinente para quem gosta e se importa com o cinema:

“(...) A noite, amiúde, só nos traz insônia, inquietude, tormentos. O cinema nos oferece suas trevas. Penetremos no drama que nos apresentam. Se os heróis não tiverem alma de carne moída, se o objeto de seu tormento for válido, entraremos naturalmente no universo onde eles se agitam. Mas se não passarem de fantoches, nossas gargalhadas soarão altas e brutais (...) constata-se que, salvo salvo nos jornais da tela e em alguns filmes alemães, jamais se filma um enterro. É curioso notar que tanto o espetáculo da morte como o do amor foram banidos do cinema – e por amor entendo o amor pelo amor, com sua bestialidade e seus aspectos magníficos e selvagens. (...) Censor desconhecido, você chegou a avaliar bem o sentido dessas derradeiras cenas, ou seriam de aço sua alma e seu coração? (...) Deixem-nos com nossas desejáveis heroínas, deixem-nos com nossos heróis. Nosso mundo é desprezível demais para que nosso sonho seja irmão da realidade (...) Precisamos de amores e amantes à altura das lendas inventadas por nossos espíritos.”
Robert Desnos