terça-feira, 27 de novembro de 2007

Um dos maiores empecilhos à realização do nosso filme, por enquanto, é o fato de eu estar envolvido como professor-substituto-assistente em 5 disciplinas da graduação da Escola de Belas Artes, ao mesmo tempo em que sou aluno do doutorado na mesma escola. Hoje consegui terminar um trabalho para essa disciplina, e fechei o texto com um texto escrito por um poeta francês em 1927 mas que até hoje é extremamente pertinente para quem gosta e se importa com o cinema:

“(...) A noite, amiúde, só nos traz insônia, inquietude, tormentos. O cinema nos oferece suas trevas. Penetremos no drama que nos apresentam. Se os heróis não tiverem alma de carne moída, se o objeto de seu tormento for válido, entraremos naturalmente no universo onde eles se agitam. Mas se não passarem de fantoches, nossas gargalhadas soarão altas e brutais (...) constata-se que, salvo salvo nos jornais da tela e em alguns filmes alemães, jamais se filma um enterro. É curioso notar que tanto o espetáculo da morte como o do amor foram banidos do cinema – e por amor entendo o amor pelo amor, com sua bestialidade e seus aspectos magníficos e selvagens. (...) Censor desconhecido, você chegou a avaliar bem o sentido dessas derradeiras cenas, ou seriam de aço sua alma e seu coração? (...) Deixem-nos com nossas desejáveis heroínas, deixem-nos com nossos heróis. Nosso mundo é desprezível demais para que nosso sonho seja irmão da realidade (...) Precisamos de amores e amantes à altura das lendas inventadas por nossos espíritos.”
Robert Desnos

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